No alto da serra, no Coração da Bahia, existe uma pequena vila com casas construídas em tocas de pedras. Lá, as pessoas se encontram na praça para conversar sem pressa e as ruínas contam histórias de garimpeiros e garimpos.
Na vila de Igatu, a vida corre num outro ritmo. É um lugar perfeito para passar ótimos dias numa tranquilidade à beira do rio percorrendo trilhas, desbravando cachoeiras e se aventurando por antigos garimpos. A pequena vila está localizada no sul da Chapada Diamantina e faz parte do município de Andaraí.
Atualmente, o local tem cerca de 400 moradores. Porém, durante o século XIX, no auge da exploração do diamante na região, chegou a ter cerca de nove mil habitantes, sendo a maior cidade da Chapada Diamantina. O diamante acabou e, no início do século XX, a cidade passou por um período muito difícil. Antigos moradores contam que nesta época, não se encontrava nada além de xique-xique (um cacto da região) e candango para se comer.
Na década de 1980, grande parte da Chapada Diamantina virou Parque Nacional e o garimpo foi proibido na região de Igatu. A Vila foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) e pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan). O turismo, ainda incipiente se comparado com a cidade vizinha de Lençóis, vai se firmando como a principal atividade para os moradores do pequeno vilarejo.
Rios e Cachoeiras. Ao redor da cidade existem várias opções para se refrescar nas horas quentes do dia. Durante o último mês de janeiro, meu lugar preferido para um mergulho rápido foi o Poço da Madalena. Localizado no Rio Coisa Boa, o local está distante cerca de 15 minutos da praça. É grande o suficiente para uma boa prática de natação.
Caminhando um pouco mais, subindo o Rio dos Pombos, outra ótima pedida é as Cadeirinhas ou Cachoeira dos Pombos. Um bom lugar para se banhar, principalmente para as crianças, pois não é muito fundo, e as pedras formam confortáveis poltronas bem embaixo das quedas d’agua. Puro desfrute.
Para caminhadores mais animados, a cachoeira do Califórnia é um passeio imperdível. A queda d’agua fica dentro de um canyon e cai forte e refrescante. São 40 minutos percorrendo o caminho de pedra que leva a Andaraí. O Califórnia foi um dos principias garimpos de Igatu, e por todo o caminho se pode observar ruínas de casas de pedras e canais de água para lavagem do cascalho.
Seguindo por uma trilha que liga Igatu a cidade vizinha de Mucugê, também existe outra linda cachoeira, com dois níveis de queda. É a conhecida Cachoeira do Taramba, para os moradores locais, ou Cachoeira do Vitorino, como aparece no mapa da região. A caminhada dura menos de uma hora.
Um pouco mais distante de Igatu, onde é preciso ir de carro sentido Mucugê por três quilômetros, encontramos a Cachoeira das Três Barras, dos Cristais e a Cachoeira da Fenda. Passeio para um dia cheio. São cerca de duas horas de caminhada (somente ida) até as Três Barras, com 40 metros de queda d’agua, e mais uma hora até as cachoeiras dos Cristais, com 60 metros de queda e da Fenda com 30 metros. Difícil é saber qual a mais bonita. O passeio é recomendado para quem está em boa forma.
A Cachoeira da Rosinha e da Favela estão localizadas no rio Piabas. São duas horas de caminhada até atingir o leito do rio. Aqui vale a pena ir cedo para passar o dia aproveitando os excelentes poços para o banho de rio as lajes de pedras para banhos de sol. Durante todo o curso do rio as formações rochosas são impressionantes.
Texto Francis Moreno e foto de Bere Ramos